O
amor por Cristiano Araújo, que morreu há exatamente três meses em um
acidente de carro, fez a recepcionista Eliane Brandão deixar o Brasília
(DF) e se mudar para Goiânia,
onde o cantor está enterrado. Ela revela que tem pelo artista um
sentimento "além da vida" e faz questão de visitar o túmulo dele
diariamente.
"Todos
os dias eu estou aqui. É difícil, mas é o que eu posso fazer por ele
agora. Venho aqui rezar, trazer uma rosa. De alguma forma, a gente tenta
suprir esse vazio que ficou", conta.
O
acidente que matou o artista ocorreu no dia 24 e junho, na BR-153,
quando ele voltava de um show em Itumbiara, no sul do estado. A namorada
dele, Allana Moraes, 19, também faleceu. O motorista, Ronaldo Miranda, e
o empresário do artista, Victor Leonardo, sobreviveram.
Há
dois meses, Eliane resolveu se mudar para Goiânia, onde arrumou um
emprego de recepcionista, e pôde ficar mais perto das lembranças do
ídolo. Porém, quando ainda residia na capital federal, ela também fazia
questão de visitar, sempre que podia, o túmulo do cantor. "Eu ficava
vindo [de Brasília para Goiânia], mas como é muito longe, resolvi me
mudar", diz.
A
paixão pelo sertanejo é tão grande que Eliane tatuou o nome dele no
antebraço. Todas as vezes em que vai ao cemitério para homenagear
Cristiano, ela não consegue conter a emoção.
"Sei
que ele está em um bom lugar, que não gosta de ver a gente assim. Mas as
lágrimas são inevitáveis, não dá para segurar", diz.
Acidente e investigação
O
acidente que matou Cristiano Araújo e a namorada ocorreu por volta das
3h10 de 24 de junho, no Km 612,6 da BR-153. O condutor perdeu o controle
do veículo 21 minutos após fazer uma parada em um posto de
combustíveis, a cerca de 57 km do local do capotamento.
O
motorista do veículo, Ronaldo Miranda, foi denunciado pelo MP por duplo
homicídio culposo, quando não há intenção de matar.No inquérito, há o
depoimento de dez pessoas, pareceres técnicos elaborados pela
concessionária da rodovia e da empresa do veiculo. Também foram
considerados laudos de exame cadavérico, de local de acidente e
complementares do Instituto de Criminalística de Goiás.
De
acordo com a perícia realizada no ponto em que o carro saiu da pista, a
via estava em boas condições. Por isso, segundo o perito criminal José
Luiz Macedo, não havia fator na rodovia que pudesse contribuir para o
capotamento.
Cristiano Araújo e a namorada, Allana Moraes morreram em acidente (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Segundo
o delegado Fabiano Henrique Jacomelis, responsável pela investigação
policial, Ronaldo chorou ao prestar depoimento. O condutor negou ter
feito o consumo de bebidas alcoólicas, o que foi comprovado em uma
análise, e que estivesse falando ao celular ou dormido ao volante.
Porém,
Ronaldo confessou que seguia acima da velocidade permitida na via, que é
de 110 km/h. Um relatório técnico da Land Rover, fabricante da Range
Rover, carro do cantor, aponta que o veículo estava a 179 km/h cinco
segundos antes do acidente.
Segundo
o delegado, o dado do relatório da Land Rover ficou registrado na
"caixa preta" do veículo. As informações foram retiradas do módulo e
enviadas para a Inglaterra, onde foram analisadas. De acordo com cálculo
feito pelos peritos goianos, no momento em que capotou, o carro já
havia desacelerado e estava a 120 km/h.
A
troca das rodas originais do veículo por outras de marca indefinida
também contribuíram para o acidente, segundo a investigação. O Range
Rover Sport capotou após as soldas da roda traseira direita se romperem e
cortarem o pneu, que saiu completamente da estrutura do automóvel.
Carro do cantor Cristiano Araújo ficou completamente destruído (Foto: Táliton Andrade/G1)
Jacomelis
disse que o motorista foi negligente e imprudente: "Houve o crime de
trânsito, ele agiu com negligência no momento que transitou com as rodas
não originais, com danos, e imprudente por dirigir em excesso de
velocidade". O delegado explicou que, apesar de saber dos riscos, o
motorista não teve a intenção de matar o casal.
Multa
Ronaldo
Miranda levou uma multa por transportar um passageiro sem cinto de
segurança quatros dias antes do acidente. Segundo o registro no
Departamento Nacional de Trânsito de Goiás (Detran-GO), o condutor foi
autuado no próprio carro, um Honda Civic, na GO-080, em São Francisco de
Goiás, na região central do estado.
No
último dia 11, o advogado do motorista confirmou ao G1 que ele realmente
foi multado na rodovia, quando ia de Ceres, no norte goiano, para a
capital, onde mora. Porém, tem uma versão diferente para o motivo da
infração.
Segundo
ele, apesar da multa ter sido expedida pelo transporte de passageiro
sem cinto, o motorista foi autuado pela Polícia Rodoviária Estadual
(PRE) por transportar a filha, de 1 ano, no banco da frente, no colo da
mãe, mesmo tendo a cadeirinha. Já os outros dois filhos do casal, de 9 e
12 anos, estavam no banco traseiro e, de acordo com Ricardo, usavam
cinto de segurança.
No
mesmo dia desta infração, Ronaldo também foi autuado por problema no
licenciamento do veículo. Após a multa, ele foi liberado.
Fonte: G1 via Cidade News
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