Nova formação do Mastruz fala da banda mãe

Tudo começou em 1990. A partir daquele ano o forró teria uma nova história. O tradicional pé de serra de Gonzagão dava espaço a uma batida diferente, com direito a guitarra, sax, baixo e teclado, além do tradicional acordeon. Quem foi o autor da façanha? Ele mesmo, Emanoel Gurgel. Foi este cearense que resolveu dar o nome do seu extinto time de handbool, a primeira banda de forró moderno do país, a Mastruz com Leite.

Não demorou muito para o Mastruz sair dos intervalos dos shows da Banda Aquários econquistar o Ceará. A primeira apresentação como atração principal aconteceu no dia 22 de dezembro de 1990, no Mangueira Clube em Fortaleza. Daí em diante, o destino do grupo era percorrer as estradas de todo o Nordeste, levando na bagagem cinco horas de um novo forró.

Hoje, quase 23 anos depois, são mais de 40 CDs lançados e um repertório que marca a nova geração e, principalmente, os forrozeiros que foram testemunha do nascimento da banda. Foram grandes sucessos em sua trajetória, grandes projetos e, claro, grandes intérpretes. O Mastruz com Leite era uma vitrine e seus componentes, ídolos do forró. Foi assim com França, Kátia Cilene, Bete Nascimento, Aduílio e todos que passaram pela banda. Foram várias formações e uma emoção diferente a cada voz nova que cantava seus sucessos.

E por falar em formações, nada melhor que a atual para falar um pouco do Mastruz com Leite. Afinal, eles integram a maior banda de forró do Planeta, como ficou carinhosamente conhecida. O bate-papo com Neto Leite, Raynner Rylker, Samara Madeira e Lívia Mara aconteceu durante mais uma apresentação em Teresina, capital do Piauí.

Neto Leite, que esteve no início da banda, saiu e retornou anos depois, afirma com propriedade que a mudança imposta ao forró foi radical. “.O forró pé de serra, o Mastruz com Leite fez diferente. O Mastruz eletrizou pondo a guitarra, o baixo, o teclado. Eu vejo isso como uma inovação. A gente está deixando o forró com mais qualidade, com mais swing. Isso é muito bom, mas sem fugir da linha do forró pé de serra, do xote, do baião”, afirma.

Segundo ele, o Mastruz com Leite é uma banda que se eternizou no forró. “É uma banda que vai muito longe, se Deus quiser. Enquanto o mundo for mundo, o Mastruz com Leite está ai. É o sinal que a gente faz um trabalho que agrada, que o público gosta”, afirma o veterano cantor.

Na banda há três anos, Samara Madeira conta que foi chamada para o grupo após gravar na SomZoom. “Em relação ao tempo que a banda tem, eu sou nada. São 22 anos e eu tenho quase 3. Eu comecei cantando as músicas do Mastruz aos 14 anos. Eu vim pro Mastruz por que gravei na SomZoom em 2001 com a Cachorra da Muléstia, ai eles gostaram da minha voz. Foi passando o tempo, eu estava na Banda Skema e hoje estou aqui”, relembra.

A cantora disse que procura evitar ao máximo comparações com integrantes que já passaram pela banda. “Não é comum pra mim por que eu trabalhei em bandas que eu dei a minha cara e o Mastruz é um nome. As meninas que trabalharam são minhas amigas. Conheço, sou fã, mas as vezes algumas pessoas não entendem. Essa é a parte difícil da história. A gente está integrando a nova formação do Mastruz, daqui a pouco ninguém sabe”, revela.

Para Lívia, a responsabilidade em compor a banda é grande. "São 22 anos de estrada. Estamos com o forró das antigas resgatando todos os sucessos, agora com uma nova formação. É uma responsabilidade muito grande. A gente está aqui porque Deus quis. Banda tem demais, o difícil é manter. Mastruz é Mastruz. É um nome, é uma marca. aonde for”, destaca.

Já Rayner resume o grupo cearense como uma obra de Deus. “Como fã eu vejo uma trajetória extraordinária. Mastruz com Leite é obra de Deus. A banda surgiu em 89 e dividiu o forró. O Mastruz e inovou colocando a guitarra, uma nova forma de fazer forró. Através do Mastruz vieram as milhares de bandas que estão fazendo sucesso no Brasil. Todas são fruto do Mastruz. Eu vejo isso com muito orgulho e muita responsabilidade. Cresci ouvindo as musicas e hoje trabalhando na banda”, afirma o cantor.

O Mastruz já vendeu mais de 10 milhões de cópias de discos, além de receber discos de Ouro e de Platina, registrando esse resultado nos principais programas de TV em rede nacional. A banda possui dois DVDs gravados.

Forró Dicunforça