O processo de criação de uma música muitas vezes representa o sucesso que ela fará. Melodias, letras, arranjos e outras nuances musicais garantem a qualidade ou o fracasso de uma composição. Não por acaso, o compositor natalense Ranieri Mazille afirma que fazer música é como receber uma entidade. “A música baixa na gente, sem ter dia, hora ou lugar definido”, explica.
Ranieri Mazille, de 43 anos, é músico e compositor profissional, integrante da Usina de Hits, e coleciona sucessos no mercado forrozeiro e até mesmo do sertanejo, como Tentativas em Vão, Meu Amanhecer e Escravo do Amor. Mas, para alcançar o respeito e emplacar suas canções em grandes bandas, ele percorreu um longo e árduo caminho, chegando, inclusive, a pensar em desistir desse segmento.
“Iniciei minha trajetória na música aos 16 anos, tocando bateria em bandas baile de Natal. Após um período como baterista, comecei a me interessar por harmonia e fui aprender violão, estudando através de revistas e fita cassete. Pouco tempo depois, fui para a guitarra. Em 1988, já era guitarrista profissional, tocando quase todos os estilos. O que era moda no Brasil e no mundo as bandas de baile tocavam. Então, considero que tive uma grande escola”, comenta.
Naquela época, Ranieri nem imaginava que poderia ser compositor. Ele conta que considerava coisa de outro mundo, fazer música. “Ainda hoje acho que é coisa de extraterrestre”, afirma. Com o passar do tempo, ele foi ganhando experiência e adquirindo cada vez mais percepções musicais. A partir daí, nasceu o compositor.
Ranieri chegou a fazer 30 músicas, na década de 90. Nenhuma delas, de acordo com ele mesmo, prestavam. “Fui para o Ceará em 1993 e fiquei até 2000, trabalhando com música, mas não com forró. Um dos meus sonhos era ser produtor e fui batalhar por isso, porém, não tive muitas oportunidades. Somente em 2000, fui produtor e compositor de uma banda chamada Expresso do Forró. Depois disso, quando Aviões do Forró estava começando, consegui que eles gravassem uma música minha, chamada Adão e Eva, já em 2003”, lembra.
Nesse mesmo período, Ranieri conheceu o também compositor Cabeção do Forró. “No primeiro encontro, já fiz o arranjo daquela canção que diz: vamos sair, pra algum lugar. O que tem de ser será. Depois fizemos Cerveja pra lavar, que foi outro sucesso. Cabeção já tinha parceria com Zé Hilton do Acordeon, mas Zé foi passar dois anos no Rio, então, Cabeção e eu passamos esse período bem próximos e batalhando por espaço para o nosso trabalho”.
Os dois viajaram para o Ceará para apresentar as composições aos produtores e donos de bandas, mas sem sucesso. “Acho que, naquela época, eles ainda não entendiam bem o nosso estilo de música e não acreditavam que pudesse dar retorno. Então, em 2009, eu já estava pensando em desistir dessa área de composições e resolvi e viajar para tocar em um cruzeiro de Santos para a Argentina, durante quatro meses”.
Antes de viajar, Ranieri Mazille, Cabeção do Forró e Zé Hilton tinham feito algumas músicas, entre elas Tentativas em Vão. “Certo dia, eu estava tocando no cruzeiro, quando Cabeção me ligou dizendo que essa música tinha sido comprada pela banda Garota Safada e que já tinha R$ 15 mil na minha conta. Na hora, pensei em abandonar o navio, literalmente e voltar pra Natal”, brinca.
Tentativas em Vão abriu as portas para esses compositores do Rio Grande do Norte e fez com que eles se tornassem referência nesse meio. Ranieri Mazille cita com orgulho ter músicas suas tocando diariamente nas rádios e gravadas por artistas como Bruno e Marrone, Maria Cecília e Rodolfo, Luan Santana, Gabriel Diniz ou bandas como Aviões do Forró, Garota Safada, Cavaleiros do Forró, Saia Rodada, Ferro na Boneca e tantas outras.
Além de Tentativas em Vão, Meu Amanhecer, Escravo do Amor, Cerveja pra lavar e O que tem de ser será, Ranieri é dono de sucessos como Disco Voador, Água pro vinho, Quando chega a noite, Vai correndo atrás e Vou me jogar nos braços.
Direitos Autorais
Apesar da história de sucesso e do reconhecimento, Ranieri ressalta que o compositor precisa acompanhar de perto suas músicas. Ele critica, por exemplo, o repasse dos direitos autorais que tem sido feito pelo ECAD em Natal. “Nos últimos tempos, a gente tem observado que o que está vindo não é equivalente ao que tem sido executado. Não sei o que está acontecendo, mas constantemente temos ido às casas de festas e vemos dezenas de músicas nossas tocando, mas a arrecadação que está vindo de Natal é quase nada”, frisa.
Ranieri afirma que a arrecadação de direitos autorais em outros estados tem sido repassada normalmente e que a diferença tem acontecido somente em Natal. “Estamos com essa dificuldade no rateio aqui, mas estamos em cima, acompanhando os relatórios do ECAD pra identificar qual o problema”.
Matéria da Revista Forró
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